terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Texto lido no Lançamento do Projeto das Frentes.

Na última quinta-feira, dia 06 de dezembro de 2007, às 09:30hs no Autório Central da EUCE - Itaperi, onde contamos com a presença dos 22 núcleos de desempregados do MCP - Movimento dos Conselhos Populares, tendo mais de 500 companheiros que está ali para o Lançamento do Projeto das Frentes de Serviços. Contamos com a presença de Ronivaldo Maia (Presidente EMLURB), Olinda Marques ( Presidente HABITAFOR), José de Freitas Uchoa (Secretario da SDE) e um representante da Sepla. A companheira Mônica Lima, militante do MCP Montese, leu o texto: Texto de Lançamento das Frentes de Trabalho Estamos aqui hoje para celebrarmos um momento histórico na luta do povo de Fortaleza contra o desemprego. Atualmente em todo o mundo mais de um bilhão de pessoas estão desempregadas e quase metade da população mundial vive da informalidade. Sabemos que esta situação não é acidental; o desemprego faz parte da lógica do sistema capitalista que produz riquezas a partir da exploração de uns contra outros; um sistema que está voltado para o lucro de poucos em detrimento da miséria de milhões. O Movimento dos Conselhos Populares afirma que precisamos construir uma sociedade onde o povo trabalhador possua de fato o poder, o poder de decidir sobre seu próprio destino. A isso chamamos de Poder Popular.
Porém, essa nova sociedade não se constrói da noite para o dia. Sabemos que o caminho é longo e tortuoso. Mas como diz o ditado “para se percorrer uma estrada de 1000 km devemos antes de tudo dar o primeiro passo”. E é justamente este primeiro passo que estamos dando hoje. Um passo pequeno, é certo, diante de tantos desafios, mas um passo dado junto com centenas de lutadores e lutadoras do povo, hoje aqui presentes, e que não perderam a capacidade de sonhar.
A luta contra o desemprego faz parte desta caminhada. Não podemos tratar a exclusão de milhões de pessoas do direito ao trabalho como algo natural; também não devemos tentar resolver este problema de forma individual. A força do povo está em sua união; está em sua capacidade e disposição para a luta e principalmente em sua capacidade criativa de construir o novo. É por isso, que desde o início da luta pelas Frentes de Trabalho, dezenas de Núcleos de Trabalhadores Desempregados foram formados em diversos bairros da cidade. Em todos eles, os participantes tem a oportunidade de expressar suas opiniões, propor ações e alternativas, se preparar coletivamente para as jornadas de luta, conhecer melhor o seu bairro e a sua cidade, resgatar sua auto estima e sua esperança em um amanhã diferente. Aqui, nos Núcleos de Trabalhadores Desempregados não há hierarquia, não há chefe, não há cargos. Todos tem o mesmo poder de decisão e a opinião de todos é igualmente levada em consideração e respeitada, independente de credo religioso, orientação sexual, idade, etc. As decisão são tomadas de forma horizontal e transparente, tendo como principio a autonomia e a independência em relação às diversas formas de poder existente em nossa sociedade.
As Frentes de Trabalho partem justamente destes princípios que tem como objetivo contribuir para a auto organização do povo trabalhador. Desta forma, as atividades propostas tem como horizonte a reconstrução do sentimento de comunidade, de coletivo e de solidariedade entre os que participam direta ou indiretamente do processo. Um dos princípios mais centrais construídos durante esta longa caminhada põe a luta coletiva como caminho para a vitória; somente em luta permanente e organizada é que o povo trabalhador irá superar seus problemas e construir a sociedade futura. Por isso, o critério básico para se participar das Frentes de Trabalho é estar na luta junto com os demais. Quem não luta não conquista.
Quando reivindicamos Frentes de Trabalho Urbanas contra a situação gritante de desemprego por que passamos, temos a preocupação de não repetirmos as experiências equivocadas do passado; principalmente as experiências de frentes de trabalho que eram executadas no interior do estado durante períodos de seca, onde os trabalhadores exerciam trabalhos improdutivos, insalubres e que em nada contribuíam para o resgate de sua auto-estima, tendo como resultado ao fim das atividades, a sua volta à situação de desempregados. Nossa proposta se apresenta no intuito de superar estes equívocos, tendo como centro de nossas ações atividades e experiências de trabalho que proporcionem ao povo trabalhador a possibilidade exercerem atividades coletivas de geração de trabalho e renda mesmo após o fim do projeto inicial.
Assim, propõe-se que os mesmos se organizem em Grupos de Produção, onde coletivamente poderão exercer trabalhos produtivos evitando que voltem a situação de desemprego. Além disso, defendemos que se priorize a capacitação profissional, para aperfeiçoamento das técnicas de trabalho. Além de um processo contínuo de formação Político Cidadã, onde os trabalhadores poderão ter a oportunidade de aprofundarem seus conhecimentos acerca de seus direitos e as diversas formas de luta que poderão travar na conquista de suas reivindicações.
Desta forma, o projeto prevê que inicialmente sejam postas em prática os cursos de Sensibilização ao Trabalho Coletivo. Logo em seguida, os Núcleos de Trabalhadores Desempregados devem se organizar em turmas para fazerem parte da etapa de Capacitação Profissional. Por fim, entraremos na etapa da construção dos Grupos de Produção ou Grupos de Trabalho Coletivos, onde finalmente poderemos iniciar o trabalho nas comunidades, combinando o tempo semanal com os trabalhos comunitários.
Como dizia no início, estamos apenas dando os primeiros passos; muitas águas ainda vão rolar. Precisamos travar um diálogo com os Governos Estaduais e Federais para podermos garantir o financiamento dos Grupos de Produção. O ano que se aproxima nos apresenta a possibilidade de darmos mais um passo a frente em nossa luta contra o desemprego. Muitos serão os desafios e as dificuldades, mas com certeza não estaremos sós. Contaremos com o apoio dos companheiros do campo como o MST- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e do MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens, movimentos que sempre estiveram conosco nesta nossa caminhada. Em nível nacional, contamos com o apoio do Movimento dos Trabalhadores Desempregados, o MTD, que atua na pressão ao governo federal para o financiamento de frentes de trabalho em vários estados do Brasil. Todos somos parte da construção de um mesmo sonho, estejamos aqui em Fortaleza, no interior do estado, em outros estados, ou mesmo em outros países. Somos todos parte da classe trabalhadora, do campo e da cidade, nossos inimigos são os mesmos e somente a nossa união poderá nos levar à vitória.
Enfim, estamos todos de parabéns. Todos aqueles homens, mulheres, jovens, crianças, pessoas idosas que de uma forma ou de outra contribuíram para que este momento fosse possível. Todos nós demos a nossa parcela de contribuição para que pudéssemos chegar até aqui. Indo para as reuniões, chamando as pessoas de casa em casa. Participando das mobilizações e caminhadas. Sendo solidários uns com os outros, estendendo uma mão amiga àqueles se cansavam na caminhada e pensavam em desistir. Tivemos muitos momentos de dificuldade, mas também muitos momentos de alegria e satisfação. Conhecemos mais a nós mesmos. Vivenciamos novas experiências. E acima da tudo consolidamos nossa união. E apesar de tudo nossa esperança na vitória continua de pé. Daqui em diante não recuaremos mais. E continuaremos a repetir nossa palavra de ordem:

MAIS UM PASSO À FRENTE, NEM UM PASSO ATRÁS, A LUTA POR TRABALHO É O POVO QUEM FAZ.

Fortaleza, 06 de Dezembro 2007.

Texto lido no Lançamento do Projeto das Frentes.

Texto lido no Lançamento do Projeto das Frentes.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Militantes do MCP s ão agredidos pela Guarda Municipal dentro do prédio do gabinete da prefeitura

Agressão da Guarda Municipal de Fortaleza Contra Militantes do MCP

Desde o início deste ano cerca de 500 pessoas organizadas em mais de 20 Núcleos de Trabalhadores Desempregados incentivados pelo Movimento dos Conselhos Populares-MCP, lutam pela implementação de Frentes de Trabalho em Fortaleza. Nesta longa caminhada muitas manifestações foram realizadas, com a presença de centenas de moradores oriundos de todas as regiões da cidade. Como fruto destas manifestações iniciou-se um processo de negociação junto ä Prefeitura Municipal; durante as negociações ficou acordado que o projeto das Frentes será implementado a partir deste ano através de cursos de formação política e de sensibilizaçào ao trabalho coletivo;
A etapa de implementação das frentes para 2008 está prevista para o orçamento do próximo ano; no entanto, devido a cortes orçamentários, os recursos previstos para as frentes também sofreram cortes. Munidos desta informação, o MCP organizou uma comissão com integrantes dos Núcleos de Trabalhadores Desempregados para negociar com o secretário da SEPLA(Secretaria de Planejamento). Por volta das 12:00h do dia 22 de novembro (Quinta-feira) cerca de 70 pessoas chegaram a sede da prefeitura e se dirigiram a SEPPLA; uma parte se acomodou na ante-sala e nos corredores da secretaria e uma parte foi recebida na sala do secretario.
A reunião durava cerca de meia hora; os encaminhamentos finais já estavam sendo debatidos e tudo corria bem, enquanto isso as pessoas na ante-sala esperavam tranqüilamente o resultado da reunião. De repente, sem que fossem solicitados pelo secretario, cerca de 15 soldados da Guarda Municipal invadiram a ante-sala ordenando de forma agressiva que todos se levantassem e se retirassem do local. Um dos guardas se dirigiu a um jovem que se levantava sem esboçar reação alguma e o agrediu com soco, em seguida o enforcando e o atingindo nos testículos. Ao mesmo tempo, em outro ponto da sala, duas pessoas que tentavam dialogar com o guarda agressor, eram intimidas por um outro que ameaçava constantemente sacar o revolver. Nos corredores algumas mulheres foram ameaçadas com gás de pimenta. Durante toda a ação havia total ausência de coordenação e disciplina, tendo todos os guardas demonstrado total descontrole; a situação de caos entre estes guardas era tamanho que nem com a
presença do secretário – que saía da sala de negociação no intuito de apaziguar a situação – foi suficiente em um primeiro momento para por fim às agressões; sendo necessário alguns minutos até que este conseguisse ser ouvido. Mesmo em sua presença, os guardas continuavam a intimidar verbalmente as pessoas presentes e um deles ainda ameaçou agredir uma delas na frente do secretário. Durante todo este episódio, o jovem que sofrera a agressão física continuava a ser enforcado pelo mesmo guarda, somente sendo solto alguns minutos depois.
Este episódio, ocorrido no prédio do gabinete da prefeita, infelizmente não é uma exceção e nem se trata de um fato inédito. Muitos são os relatos de moradores de bairros periféricos da cidade de fortaleza, em especial de jovens e adolescentes, que denunciam as constantes agressões físicas e verbais que vem sofrendo por parte de guardas municipais. Abordagens de cunho racista e homofóbicas (como os constantes espancamentos de homossexuais na praça da Gentilândia, por exemplo) fazem parte do currículo destes guardas que deveriam estar cumprindo o dever de zelar pelo patrimônio público ao invés de se apresentarem como arruaceiros fardados. No caso dos Movimentos Sociais a questão toma uma coloração política; as manifestações de setores mais necessitados da sociedade cearense que não tem acesso à moradia, trabalho, saúde e educação são tratadas na base da repressão e da violência física e psíquica. Esse tratamento por parte do Estado não é nenhuma novidade, principalmente em
se tratando de sociedades regidas pela lógica do capital. No entanto, aqueles que outrora assumiam o discurso dos direitos humanos e da livre expressão, e que por hora assumem a direção da máquina governamental, deveriam expressar uma postura firme com relação ao comportamento da Guarda Municipal.
Exigimos punição por parte da Prefeitura Municipal de Fortaleza perante os responsáveis pela agressão ocorrida no último dia 22 de novembro durante a manifestação do MCP; exigimos que a Prefeitura de Fortaleza se comprometa publicamente a não mais tolerar abusos de autoridade por parte de sua Guarda Municipal, seja diante de Movimentos Sociais, Partidos Políticos, Sindicatos, ou pessoas comuns que possuem seus direitos humanos garantidos por lei.

Fortaleza, 27 de novembro de 2007.

MCP
Movimento dos Conselhos Populares

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

- Oaxaca: dias de insurreição -

Artigo cronológico sobre o levante em Oaxaca
- Oaxaca: dias de insurreição -
(enviado pelo Companheiro Michael - Granja Portugal)

*O início do levante*




Em maio de 2006 mais de 70 mil trabalhadores e trabalhadoras do magistério no Estado de Oaxaca, México, entraram em greve reivindicando aumentos salariais e condições mais humanas de trabalho. Após quase um mês de agitação grevista, no dia 14 de junho a repressão estatal em cima do povo chegou a um auge em que a tropa de choque espancou todas e todos que estavam manifestando na praça central da cidade. Centenas de pessoas foram presas e a rádio comunitária de professores/as foi brutalmente atacada, o que resultou em dezenas de feridos e feridas.

No início da semana seguinte, inúmeros movimentos sociais começaram a se somar às mobilizações. Cerca de 365 organizações populares se reuniram em massa e decidiram, em um congresso geral altamente representativo, a fundação do que seria e está sendo a Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO). Com o intuito de agregar à greve do Magistério maiores demandas, exigiam, principalmente, a saída do governador Ulises Ruiz, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), e também a gestão do Estado pelo próprio povo através de assembléias populares municipais, organizadas de baixo para cima.

Com o passar do mês de junho, a APPO começou a se auto-organizar e cada vez mais a população foi aderindo à luta, pessoas jovens, adultas, da terceira idade, homens, mulheres, garotas e garotos, indígenas e camponesas e camponeses de todos os setores da sociedade estavam juntas em torno de um objetivo: autonomia dos povos, idéia que tem a mesma semente das associações de bairro autônomas, das cooperativas autogestionadas, das padarias comunitárias e dos movimentos sociais no geral, ou seja, criar o poder popular.

No dia 2 de agosto uma marcha de duas mil mulheres ocupou e tomou o canal de televisão estatal Canal 9 (que ficou sob posse delas até dia 21) e suas emissoras de rádio. Na madrugada do dia 22, saindo do Canal 9, caminharam em direção a doze radiodifusoras da cidade e ocuparam todas elas.

A partir daí o levante estava declarado. Com o passar dos dias todos os prédios públicos foram ocupados, o Zócalo, mais conhecido por aqui como Paço (praça central onde ficam os edifícios dos poderes constituídos), estava sob o poder do povo ou seja, a prefeitura, o tribunal de justiça e o ministério público estavam tomados. Existiam nas ruas de Oaxaca mais de 3 mil barricadas e plantões da APPO, o clima de ingovernabilidade institucional estava estabelecido, não se via mais a polícia municipal dando conta das manifestações nas ruas e o prefeito não mais se encontrava na cidade. Setembro já chegava ao fim e a luta se preparava para ir além em seus atos quando a repressão estatal começou a aumentar com uma crescente militarização ao redor da capital ? helicópteros, navios e caminhões das forças nacionais já a circundavam, deixando a situação altamente tensa.

Ao mesmo tempo em que o povo oaxaquenho lutava pela retirada de Ulises Ruiz do governo do Estado de Oaxaca, manifestava também seu repúdio à posse do novo presidente da nação mexicana, eleito numa eleição vulgarmente fraudada em que o eleito, Felipe Calderón do Partido Ação Nacional (PAN), venceu por uma diferença de 0,5% o candidato do Partido da Revolução Democrática (PRD), Andrés Manuel López Obrador.


*O Ataque à Comuna*



No dia 16 de outubro, vinte e um integrantes da APPO instalaram um acampamento no Centro Histórico da Cidade do México e permaneceram em greve de fome durante mais de um mês. E na sexta-feira, dia 27 de outubro, Bradley Roland, jornalista-ativista do Centro de Mídia Independente (CMI - www.midiaindependente.org) de Nova York ( http://nyc.indymedia.org) foi assassinado com um tiro no peito em frente ao palácio municipal na cidade de Caliente. Brad Will estava cobrindo o levante popular quando a barricada em que se encontrava foi atacada por um grupo paramilitar pró-governista que faz uso de armas de fogo.

Na manhã do dia seguinte, sábado, o novo presidente Felipe Calderón deu o aval para a invasão na cidade por parte da Polícia Federal Preventiva (PFP) e a partir desse dia a história da Comuna de Oaxaca deu uma guinada. As forças federais, com auxílio da polícia estadual e de milícias paramilitares priistas (pró-governo estadual), atuaram de maneira bruta em todo o Estado visando desmantelar por completo a Assembléia Popular do Povos de Oaxaca - prendendo, torturando, assassinando, seqüestrando, estuprando e saqueando o povo rebelde oaxaquenho.

Isso gerou uma campanha nacional e internacional de resistência e solidariedade à Comuna. Passadas três semanas diversos protestos surgiram em mais de trinta países. Para se ter noção de como a campanha flui rápido, logo na segunda-feira, 30 de Outubro, ao menos 14 cidades estadunidenses aderiram ao protesto. Em Nova Iorque, cerca de 11 manifestantes foram detidos. Na Europa, atos ocorreram em Londres e em Barcelona o Consulado do México foi ocupado por alguns minutos. Durante as semanas seguintes, no Brasil, a adesão à resistência se fez presente em Florianópolis, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Tefé (AM), Goiânia, Marília e Fortaleza. No México, alguns centros acadêmicos da UNAM (Universidade Nacional Autônoma do México) foram ocupados, barricadas ao redor da universidade foram construídas e membros da APPO realizaram demonstrações com dezenas de milhares de pessoas nas ruas da capital do país.

Em Oaxaca o povo insurgente mudaria de tática e todas as suas ações estariam voltadas para uma resistência sem-fim, para manter a cidade sobre seu poder e assegurar a vida de todos e todas. Então, ao mesmo tempo em que mega-marchas eram realizadas na tentativa de pressão para derrubada de Ulises Ruiz, o povo se concentrava na proteção das barricadas e dos plantões juntamente com os prédios ocupados e tentava impedir a entrada da PFP na cidade com uma possível tomada da rádio universitária.

Esta rádio teve um papel enorme de comunicação interna municipal e também internacional, uma vez que fazia a transmissão pela internet espalhando tudo o que ocorria ao vivo de minuto a minuto e era retransmitida por centenas ou milhares de rádios livres no mundo todo. A rádio APPO, como era chamada a rádio da Universidade Autônoma Benito Juarez, foi um canal de concentração e de distribuição de informações, canal em que locutoras/es ficavam noticiando horas sem parar, tocando canções revolucionárias, recebendo chamadas telefônicas do mundo todo e narrando todos os acontecimentos.



*A resistência popular*




A cidade estava passando por dias de insurreição pacífica e organização popular maciça ao mesmo tempo em que era cenário de um estado de violência física, psicológica e emocional da repressão política que resultou em cerca de mais de 30 populares mortos/as e milhares deles/as feridos/as.

Conforme as tradições revividas a cada ano, no dia de Finados, 2 de novembro, a população se preparava para passar o dia nos cemitérios, compartilhando a comida, as flores, as dores e as alegrias com seus mortos. E exatamente nessa época (1 a 5 de novembro) a "Operação Juarez 2006" dava seus primeiros passos em torno da Universidade Autônoma Benito Juarez de Oaxaca (UABJO), tentando recrudescer a repressão à Comuna. A tentativa inicial é fracassada e o povo resiste fazendo os atacantes recuarem, mas neste mesmo dia a PFP acabou roubando o Zócalo do povo.

Passaram dias e a organização popular continuava se defendendo como podia e exigindo a saída de Ulises Ruiz do governo. Para além disto, a luta avançou em um novo setor: a construção de novas formas de fazer política. No congresso constitutivo da APPO, que terminou em 12 de novembro, as comunidades indígenas aderiram ao movimento. A adesão foi possível porque princípios como horizontalidade, ajuda mútua, e mesmo o "mandar obedecendo" de inspiração zapatista, ganharam força na organização que, se antes poderia ser identificada com uma esquerda mais tradicional, atualmente é algo bastante diferenciado, graças àqueles princípios já caros à resistência indígena. No dia 30 de outubro o Exército Zapatista de Libertação Nacional lançou um comunicado chamando ações em solidariedade aos povos de Oaxaca. Essas ações aconteceram em várias cidades do mundo no dia primeiro de novembro.

O mês de novembro adentrava e a sensação que se tinha agora era de estar ocorrendo um massacre na cidade insurgente. Os relatos de torturas cresciam em progressão aritmética; prisões, estupros, saques ao pequeno comércio e invasões de casas por parte das forças federais ocorriam sem parar. O terror Estatal estava à solta. No dia 25 de novembro a sétima mega-marcha tomou as ruas de Oaxaca - milhares de pessoas saíram para protestar pela saída do governador Ulises Ruiz e da Polícia Federal Preventiva, e também pela liberação de presas/os políticas/os. Esse ato acabou atingindo cerca de 6 km de marcha. Na convocação o chamado era para cercar pacificamente a PFP, que ocupava desde o dia 29 de Outubro o centro da cidade promovendo uma guerra de baixa intensidade. E sem dúvida foi um dos dias noticiados mais violentos, com no mínimo 3 mortes, milhares de desaparecimentos, detenções e feridos/as. Lembrando que a repressão vinha de outros lados também, nesse dia, entrou em ação a operação "as caravanas da morte", isto é, caminhonetes brancas com paramilitares fortemente armados atacando barricadas e pontos estratégicos da APPO.

Poucos dias se passaram e a Rádio Universitária 1400 (AM), acabou sendo entregue ao Reitor da UABJO. A rádio, localizada dentro da Universidade e que comunicava direto das barricadas que protegiam os prédios públicos ocupados, assim como denunciava as ações da PFP, era protegida também pela barricada 5 Señores". No entanto, dia 29 de novembro, após um mês da invasão das forças federais na cidade, a barricada foi desobstruída. E por ver que sem esta não havia nenhuma proteção para se continuar transmitindo, foi decidida a entrega da rádio ao Reitor da Cidade Universitária, o qual sempre se posicionou contra todas as tentativas de invasão que a PFP fez durante esse tempo.

Já era dezembro. A APPO se encontrava em clandestinidade e mesmo sem ter um veículo de comunicação e sem ter um local seguro para se organizar, não se intimidou e continuou convocando o povo para tomar as ruas e a resistir a toda repressão que agora já sabíamos de ter chegado em vilarejos indígenas em volta da capital. O EZLN tinha terminado a caminhada por todos os estados do México pelo projeto chamado ?A Outra Campanha?, em que vinha organizar grupos e indivíduos anticapitalistas no acúmulo de forças para o fazer de uma nova forma de política, desestabilizando a via institucional, uma vez que o ano de 2006 foi um ano de eleições no México. Além disso, o EZLN fez um chamado internacional de solidariedade à Comuna de Oaxaca para o dia 22 de dezembro, ato em que, novamente, milhares de pessoas foram às ruas em todo o mundo manifestar seu apoio às reivindicações do povo rebelde de Oaxaca reafirmando que toda a luta não será em vão. Quase todos os atos foram dirigidos às embaixadas ou consulados mexicanos nos devidos países solidários.

Desde o final de dezembro ao início de janeiro, a situação em Oaxaca se mantém crítica. A lista de pessoas torturadas e presas aumenta e o cerco midiático está funcionando como o governo quer. A repressão estatal domina a cidade. A Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca está na clandestinidade, encontra-se enclausurada e o termômetro para avaliar o movimento é a participação popular no seguinte objetivo: organização para libertação de todas as pessoas presas e a confirmação de desaparecidos/as e mortos/as, mais a proteção da sociedade organizada em revolta. Os meios de comunicação solidários à resistência estão tendo, também, um papel importantíssimo, aquele de apresentar ao mundo as histórias de lutas, dores e vitórias vividas verdadeiramente por centenas de milhares de mulheres e homens em busca do complexo sonho que é a dignidade de um povo. A dignidade de quem se encontra abaixo e organizado coletivamente de maneira autônoma e diretamente democrática.

Coincidente ao final do ano nota-se agora uma mudança de atmosfera, o futuro parece incerto e o ar é mais denso. As apostas foram feitas, as fichas foram arriscadas. E agora, o que restou?
Após a tempestade... a calmaria. Após a calmaria...


Por y.

Verão de 2007


***

Nota: esse artigo foi feito com a ajuda das publicações feitas ao longo dos meses no CMI Brasil, sendo que alguns trechos são paráfrases dos editoriais.
Link do artigo: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/01/370354.shtml

Nota: O artigo pode ser espalhado, desde que a fonte e o autor sejam citados e que não seja para fins comerciais

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Médicos cubanos ajudaram assassino de Che a recuperar a visão

A notícia foi divulgada pelo jornal oficial cubano Granma: o soldado que, há 40 anos, matou Che Guevara recuperou a visão graças a uma equipa de médicos cubanos. A "Operação Milagre", como é chamado o programa promovido pelos médicos cubanos que percorrem a América Latina atendendo gratuitamente pessoas com cataratas, fez a cirurgia do ex-sargento Mario Terán, em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, a algumas centenas de quilômetros do local onde o militar matou Che.
"Ficamos indignados quando soubemos da notícia pelo rádio. É claro que o homem não se apresentou aqui dizendo que era o assassino de Che", disse Margarita Andreu, directora do centro oftalmológico de Santa Cruz, mantido pelos médicos cubanos e recentemente inaugurado pelo presidente boliviano, Evo Morales, admirador declarado de Fidel Castro e de Che.

As paredes brancas do consultório onde Terán foi atendido são cobertas com cartazes de Che. Diariamente, os quatro médicos que ali trabalham atendem mais de 100 pessoas.

"Os que vêm aqui não dão sempre a identidade verdadeira, às vezes usam documentos falsos, mas isso não é nosso problema", disse a directora.

O registro da clínica tem três pacientes com o nome "Mario Téran" e os médicos sequer sabem qual deles é o ex-sargento.

Margarita Andreu jura que teria atendido o soldado boliviano ainda que conhecesse sua identidade. "É o nosso dever, a nossa obrigação. O Che ganhou outra batalha".

Passada a operação, o filho de Mario Terán foi ao jornal local El Deber para expressar seu reconhecimento aos médicos cubanos.

Depois da morte de Che, o ex-sargento continuou a sua carreira até à patente de suboficial no Exército boliviano e, ao entrar para a reserva, não foi mais visto. Nunca quis falar em público.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Fotos na Plenária do Movimento.





Veja as fotos da Plenária Geral do MCP que aconteceu no dia 11 de novembro de 2007, no CSU da Borges de Melo.

Frei Betto compara governador do Rio a Hitler.

Frei Betto compara governador do Rio a Hitler


Agencia Estado
O teólogo frei Betto criticou duramente o governador do Rio, Sérgio Cabral, e propôs que ele inaugure uma estátua de Adolf Hitler, líder nazista alemão. A sugestão foi feita em entrevista no 6º Encontro Nacional de Fé e Política, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, ao comentar a recente declaração do governador fluminense a favor de aborto como forma de reduzir o número de marginais nas favelas.

"O governador do Rio falou do aborto, falou que a Rocinha é fábrica de marginais e recusou-se a receber representante da ONU que está em visita ao Brasil. Acho que ele deveria inaugurar uma estátua de Hitler em praça pública, porque está havendo uma grande coincidência entre sua política de saneamento e de repressão ao narcotráfico com aquilo que fez o III Reich", disse.

O religioso também criticou a atuação da polícia fluminense durante a gestão de Cabral. "Quando eu vejo que cerca de mil pessoas foram assassinadas pela reação policial, de janeiro para cá, isso para mim é um genocídio", disse, citando dados da organização não-governamental (ONG) Rio de Paz.

Frei Betto disse ser contrário a ações violentas por parte da polícia e considera que esse tipo de postura só conduz a uma piora de cenário. "A bandidagem você não acaba com aquela receita que está no Tropa de Elite (filme do diretor Antônio Padilha, sobre a polícia fluminense): de que, para enfrentar o bandido, é preciso de uma polícia bandida. Assim, nós vamos para barbárie", disse.

Moradores da comunidade Beira Rio, no Caça e Pesca, denunciam violência policial

Moradores da comunidade Beira Rio, no Caça e Pesca, denunciam violência policial


Moradores da comunidade Beira Rio, no bairro Caça Pesca, na última terça-feira sofreram violência policial, afirma uma das moradoras do bairro. A violência partiu do Grupo M. Dias Branco de acordo com os moradores da comunidade.

A Comunidade existe a mais de 20 anos, onde mais de 50 famílias vivem em moradias precárias e pagando aluguel, mesmo sem condições para tal. Além disso, usavam coletivamente um terreno que servia como área de lazer para crianças, área para plantio de milho e feijão, onde se guarda seus cavalos e mulas.

Há alguns meses apareceu na área uma pessoa que se diz proprietária do terreno, cercando-o, tendo inclusive fechado o acesso a essas moradias. A comunidade no final de semana passado, domingo, dia 4 de novembro, decidiu retomar suas terras.

Ainda de acordo com os moradores, na terça-feira, dia 06, por volta das 8h30min, chegou ao local um parente do suposto proprietário acompanhado de 12 policiais militares que derrubaram alguns barracos sem qualquer documento de propriedade do terreno ou qualquer ordem judicial de desocupação, tornando-se totalmente ilegal tal operação. Os moradores dizem ainda que um PM chegou a dizer que ali estava tendo "roubo, formação de quadrilha e que levaria quatro pessoas à delegacia".

No mesmo dia, por volta das 16h30min, chegou novamente ao terreno uma outra pessoa em nome do grupo Dias Branco que estaria negociando a compra do terreno, acompanhado de oito policiais militares e um trator. Derrubaram as casas, as cercas e atearam fogo nos barracos e utensílios da comunidade, como panelas e colchões. Ofereceram macarrões e empregos, como não foi aceito pela comunidade, disse que se fosse possível derrubaria cem vezes as casas, afirmam os moradores. Afirmam ainda que ontem, dia 07, por volta das 9h00, chegou novamente ao local um grupo de oito homens fortemente armados que derrubaram novamente barracos, agrediram várias pessoas e ameaçaram, apontando armas. "A comunidade reagiu dizendo que eles precisam é de casa para morar e não do macarrão", afirma Bruna Claudia, uma das moradoras do local.

Bruna Claudia diz ainda que foi dito pelo grupo que toda a área está sendo comprada pelo grupo M. Dias Branco e que já está sendo providenciado a mudança do nome do bairro.

Os moradores, organizados na comunidade, estão requerendo à Procuradoria Geral de Justiça e à Corregedoria Geral dos Órgãos de Segurança Pública do Estado do Ceará, que sejam abertos procedimentos para averiguar a participação dos policiais militares em desocupação forçada sem ordem judicial, bem como a responsabilização do grupo empresarial mandante.



Bruna Claudia (85) 9935.5335 / Jacqueline (Escritório Frei Tito de Alencar) (85) 3227.2687

domingo, 11 de novembro de 2007

Sobre as greves

Texto enviado pelo Companheiro Michael da Granja, gostaria de agradecer
Sobres as Greves
Nos últimos anos, as greves operárias são extraordinariamente freqüentes na Rússia. Não existe nenhuma província industrial onde não tenha havido várias greves. Quanto às grandes cidades, as greves não cessam. Compreende-se, pois, que os operários conscientes e os socialistas se coloquem cada vez mais amiúde a questão do significado das greves, das maneiras de realizá-las e das tarefas que os socialistas se propõem ao participarem nelas.
Em primeiro lugar, é preciso ver como se explica o nascimento e a difusão das greves. Quem se lembra de todos os casos de greve conhecidos por experiência própria, por relatos de outros ou através dos jornais, verá logo que as greves surgem e se expandem onde aparecem e trabalham centenas (e, às vezes, milhares) de operários; aí dificilmente se encontrará uma fábrica em que não tenha havido greves; quando eram poucas as grandes fábricas na Rússia, rareavam as greves; mas visto que elas crescem com rapidez tanto nas antigas localidades fabris como nas novas cidades e aldeias industriais, as greves tornam-se cada vez mais freqüentes.
Por que a grande produção fabril leva sempre às greves? Isso se deve ao fato de que o capitalismo leva, necessariamente, à luta dos operários contra os patrões, e quando a produção se transforma numa produção em grande escala, essa luta se converte necessariamente em luta grevista.
Denomina-se capitalismo a organização da sociedade em que a terra, as fábricas, os instrumentos de produção, etc., pertencem a um pequeno numero de latifundiários e capitalistas, enquanto a massa do povo não possui nenhuma ou quase nenhuma propriedade e deve, por isso, alugar sua força de trabalho. Os latifundiários e os industriais contratam os operários, obrigando-os a produzir tais ou quais artigos, que eles vendem no mercado. Os patrões pagam aos operários exclusivamente o salário imprescindível para que estes e sua família mal possam subsistir, e tudo o que o operário produz acima dessa quantidade de produtos necessária para a sua manutenção o patrão embolsa: isso constitui o seu lucro. Portanto, na economia capitalista, a massa do povo trabalha para outros, não trabalha para si, mas para os patrões, e o faz por um salário: compreende-se que os patrões tratem sempre de reduzir o salário: quanto menos entreguem aos operários, mais lucro lhes sobra. Em compensação, os operários tratam de receber o maior salário possível, para poder sustentar a sua família com uma alimentação abundante e sadia, viver numa boa casa e não se vestir como mendigos, mas como se veste todo mundo. Portanto, entre patrões e operários há uma constante luta pelo salário: o patrão tem liberdade de contratar o operário que quiser, pelo que procura o mais barato. O operário tem liberdade de alugar-se ao patrão que quiser, e procura o que paga mais. Trabalhe o operário na cidade ou no campo, alugue seus braços a um latifundiário, a um fazendeiro rico, a um contratista ou a um industrial, sempre regateia com o patrão, lutando contra ele pelo salário.
Mas, pode o operário, por si só, sustentar essa luta? É cada vez maior o numero de operários: os camponeses se arruinam e fogem das aldeias para as cidades e para as fábricas. Os latifundiários e os industriais introduzem máquinas, que deixam os operários sem trabalho. Nas cidades aumenta incessantemente o número de desempregados, e nas aldeias o de gente reduzida a miséria: a existência de um povo faminto faz baixarem ainda mais os salários. É impossível para o operário lutar sozinho contra o patrão. Se o operário exige maior salário ou não aceita a sua rebaixa, o patrão responde: vá para outro lugar, são muitos os famintos que esperam à porta da fabrica e ficarão contentes em trabalhar, mesmo que por um salário baixo.
Quando a ruína do povo chega a tal ponto que nas cidades e nas aldeias há sempre massas de desempregados. quando os patrões amealham enormes fortunas e os pequenos proprietários são substituídos pelos milionários, então o operário transforma-se num homem absolutamente desvalido diante do capitalista. O capitalista obtém a possibilidade de esmagar por completo o operário, de condená-lo à morte num trabalho de forçados, e não só ele, como também sua mulher e seus filhos. Com efeito, vejam as indústrias em que os operários ainda não conseguiram ficar amparados pela lei e não podem oferecer resistência aos capitalistas, e comprovarão que a jornada de trabalho é incrivelmente longa, até de 17 a 19 horas. que criaturas de cinco ou seis anos executam um trabalho extenuante e que os operários passam fome constantemente, condenados a uma morte lenta. Exemplo disso é o caso dos operários que trabalham a domicílio para os capitalistas: mas, qualquer operário se lembrará de muitos outros exemplos! Nem mesmo na escravidão e sob o regime de escravidão existiu uma opressão tão terrível do povo trabalhador como a que sofrem os operários quando não podem opor resistência aos capitalistas nem conquistar leis que limitem a arbitrariedade patronal.
Pois bem, para não permitir que sejam reduzidos a esta tão extrema situação de penúria, os operários iniciam a mais encarniçada luta. Vendo que cada um deles por si só é absolutamente impotente e vive sob a ameaça de perecer sob o jugo do capital, os operários começam a erguer-se, juntos, contra seus patrões. Dão início às greves operárias. A princípio é comum que os operários não tenham nem sequer, uma idéia clara do que procuram conseguir, não compreendem porque atuam assim: simplesmente quebram as máquinas e destroem as fábricas. A única coisa que desejam é fazer sentir aos patrões a sua indignação: experimentam suas forças mancomunadas para sair de uma situação insuportável, sem saber ainda porque sua situação é tão desesperada e quais devem ser suas aspirações.
Em todos os países, a indignação começou com distúrbios isolados, com motins, como dizem em nosso país a polícia e os patrões. Em todos os países, estes distúrbios deram lugar, de um lado, a greves mais ou menos pacificas e, de outro, a uma luta de muitas faces da classe operária por sua emancipação.
Mas que significado têm as greves na luta da classe operária? Para responder a essa pergunta devemos nos deter primeiro em examinar com mais detalhes as greves. Se o salário dos operários se determina – como vimos – por um convênio entre o patrão e o operário. e se cada operário por si só é de todo impotente, torna-se claro que os operários devem necessariamente defender juntos as suas reivindicações; devem necessariamente declarar-se em greve, para impedir que os patrões baixem os salários, ou para conseguir um salário mais alto. E, efetivamente, não existe nenhum pais capitalista em que não sejam deflagradas greves operárias. Em todos os países europeus e na América, os operários se sentem, em toda parte, impotentes quando atuam individualmente e só podem opor resistência aos patrões se estiverem unidos, quer declarando-se em greve, quer ameaçando com a greve. E quanto mais se desenvolve o capitalismo, quanto maior é a rapidez com que crescem as grandes fábricas, quanto mais se vêem deslocados os pequenos pelos grandes capitalistas, mais imperiosa é a necessidade de uma resistência conjunta dos operários porque se agrava o desemprego, aguça-se a competição entre os capitalistas, que procuram produzir mercadorias de modo mais barato possível (para o que é preciso pagar aos operários o menos possível), e acentuam-se as oscilações da industrial e as crises. Quando a indústria prospera, os patrões obtêm grandes lucros e não pensam em reparti-los com os operários: mas durante a crise os patrões tratam de despejar sobre os ombros dos operários os prejuízos. A necessidade das greves na sociedade capitalista está tão reconhecida por todos nos países europeus, que lá a lei não proíbe a declaração de greves: somente na Rússia subsistiram leis selvagens contra as greves (destas leis e de sua aplicação falaremos em outra oportunidade).
Mas as greves, por emanarem da própria natureza da sociedade capitalista, significam o começo da luta da classe operária contra esta estrutura da sociedade. Quando os operários despojados que agem individualmente enfrentam os potentados capitalistas, isso equivale a completa escravização dos operários. Quando, porém, estes operários desapossados se unem, a coisa muda. Não há riquezas que os capitalistas possam aproveitar se não encontram operários dispostos a trabalhar com os instrumentos e materiais dos capitalistas e a produzir novas riquezas. Quando os operários enfrentam sozinhos os patrões continuam sendo verdadeiros escravos, trabalhando eternamente para um estranho, por um pedaço de pão, como assalariados eternamente submissos e silenciosos. Mas quando os operários levantam juntos suas reivindicações e se negam a submeter-se a quem tem a bolsa de ouro, deixam então de ser escravos, convertem-se em homens e começam a exigir que seu trabalho não sirva somente para enriquecer a um punhado de parasitas, mas que permita aos trabalhadores viver como pessoas. Os escravos começam a apresentar a reivindicação de se transformarem em donos: trabalhar e viver não como queiram os latifundiários e capitalistas, mas como queiram os próprios trabalhadores. As greves infundem sempre tal espanto aos capitalistas porque começam a fazer vacilar seu domínio. "Todas as rodas se detêm se assim o quer teu braço vigoroso" diz sobre a classe operária uma canção dos operários alemães. Com efeito, as fábricas, as propriedades dos latifundiários, as máquinas, as ferrovias, etc., etc., são, por assim dizer, rodas de uma enorme engrenagem: esta engrenagem fornece diferentes produtos, transforma-os, distribui-os onde necessários. Toda esta engrenagem é movida pelo operário, que cultiva as terras, extrai os minerais, elabora as mercadorias nas fábricas, constrói casas, oficinas e ferrovias. Quando os operários se negam a trabalhar, todo esse mecanismo ameaça paralisar-se. Cada greve lembra aos capitalistas que os verdadeiros donos não são eles, e sim os operários, que proclamam seus direitos com força crescente. Cada greve lembra aos operários que sua situação não é desesperada e que não estão sós. Vejam que enorme influência exerce uma greve tanto sobre os grevistas como sobre os operários das fábricas vizinhas ou próximas, ou das fábricas do mesmo ramo industrial. Nos tempos atuais, pacíficos, o operário arrasta em silêncio sua carga. não reclama ao patrão, não reflete sobre sua situação. Durante uma greve, o operário proclama em voz alta suas reivindicações, lembra aos patrões todos os atropelos de que tem sido vítima, proclama seus direitos, não pensa apenas em si ou no seu salário, mas pensa também em todos os seus companheiros que abandonaram o trabalho junto com ele e que defendem a causa operária sem medo das provocações.
Toda greve acarreta ao operário grande numero de privações, tão terríveis que só se podem comparar com as calamidades da guerra: fome na família, perda do salário, freqüentes detenções, expulsão da cidade em que reside e onde trabalhava. E apesar de todas essas calamidades, os operários desprezam os que se afastam de seus companheiros e entram em conchavos com o patrão. Vencidas as calamidades da greve, os operários das fábricas próximas sentem entusiasmo sempre que vêem seus companheiros iniciarem a luta. "Os homens que resistem a tais calamidades para quebrar a oposição de um burguês, saberão também quebrar a força de toda a burguesia", dizia um grande mestre do socialismo, Engels, falando das greves dos operários ingleses. Amiúde, basta que se declare em greve uma fabrica para que imediatamente comece uma série de greves em muitas outras fábricas. Como é grande a influência moral das greves, como é contagiante a influência que exerce nos operários ver seus companheiros que, embora temporariamente, se transformam de escravos em pessoas com os mesmos direitos dos ricos! Toda greve infunde vigorosamente nos operários a idéia do socialismo; a idéia da luta de toda a classe operária por sua emancipação do jugo do capital. É muito freqüente que, antes de uma grande greve, os operários de uma fábrica, uma indústria ou uma cidade qualquer, não conheçam sequer o socialismo, nem pensem nele, mas que depois da greve difundam-se entre eles, cada vez mais, os círculos e as associações, e seja maior o número dos operários que se tornam socialistas.
A greve ensina os operários a compreender onde repousa a força dos patrões e onde a dos operários; ensina a pensarem não só em seu patrão e em seus companheiros mais próximos, mas em todos os patrões, em toda a classe capitalista e em toda a classe operária. Quando um patrão que acumulou milhões às custas do trabalho de varias gerações de operários não concede o mais modesto aumento de salário e inclusive tenta reduzi-lo ainda mais e, no caso de os operários oferecerem resistência, põe na rua milhares de famílias famintas, então os operários vêem com clareza que toda a classe capitalista é inimiga de toda a classe operária e que os operários só podem confiar em si mesmos e em sua união. Acontece muitas vezes que um patrão procura enganar, de todas as formas, aos operários, apresentando-se diante deles como um benfeitor, encobrindo a exploração de seus operários com uma dádiva insignificante qualquer, com qualquer promessa falaz. Cada greve sempre destrói de imediato este engano, mostrando aos operários que seu "benfeitor" é um lobo com pele de cordeiro.
Mas a greve abre os olhos dos operários não só quanto aos capitalistas, mas também ao que se refere ao governo e às leis. Do mesmo modo que os patrões se esforçam para aparecerem como benfeitores dos operários. Os funcionários e seus lacaios se esforçam para convencer os operários de que o czar e o governo czarista se preocupam com os patrões e os operários na mesma medida, com espírito de justiça. O operário não conhece as leis e não convive com os funcionários, em particular os altos funcionários, razão pela qual dá, freqüentemente, crédito a tudo isso. Eclode, porém, uma greve. Apresentam-se na fabrica o fiscal, o inspetor fabril, a polícia e, não raro. tropas, e então os operários percebem que infringiram a lei: a lei permite aos donos de fábricas reunir-se e tratar abertamente sobre a maneira de reduzir o salário dos operários. ao passo que os operários são tachados de delinqüentes ao se colocarem todos de acordo! Despejam os operários de suas casas, a policia fecha os armazéns em que os operários poderiam adquirir comestíveis a crédito e pretende-se instigar os soldados contra os operários, mesmo quando estes mantêm uma atitude serena e pacifica. Dá-se inclusive aos soldados ordem de abrir fogo contra os operários, e quando matam trabalhadores indefesos, atirando-lhes pelas costas, o próprio czar manifesta a sua gratidão as tropas (assim fez com os soldados que mataram grevistas em Iaroslavl, em 1895). Torna-se claro para todo operário que o governo czarista é um inimigo jurado, que defende os capitalistas e ata de pés e mãos os operários. O operário começa a entender que as leis são adotadas em benefício exclusivo dos ricos, que também os funcionários defendem os interesses dos ricos, que se tapa a boca do povo trabalhador e não se permite que ele exprima suas necessidades e que a classe operária deve necessariamente arrancar o direito de greve, o direito de participar duma assembléia popular representativa encarregada de promulgar as leis e de velar por seu cumprimento. Por sua vez. o governo compreende muito que as greves abrem os olhos dos operários, razão porque tanto as teme e se esforça a todo custo para sufocá-las o mais rápido possível. Um ministro do Interior alemão, que ficou famoso por suas ferozes perseguições contra os socialistas e os operários conscientes, declarou em uma ocasião, não sem motivo, perante os representantes do povo: "Por trás de cada greve aflora o dragão da revolução". Durante cada greve cresce e desenvolve-se nos operários a consciência de que o governo é seu inimigo e de que a classe operária deve preparar-se para lutar contra ele pelos direitos do povo.
Assim, as greves ensinam os operários a unirem-se; as greves fazem-nos ver que somente unidos podem agüentar a luta contra os capitalistas; as greves ensinam os operários a pensarem na luta de toda a classe patronal e contra o governo autocrático e policial. Exatamente por isso, os socialistas chamam as greves de "escola de guerra", escola em que os operários aprendem a desfechar a guerra contra seus inimigos, pela emancipação de todo o povo e de todos os trabalhadores do jugo dos funcionários e do jugo do Capital.
Mas a "escola de guerra” ainda não é a própria guerra. Quando as greves alcançam grande difusão, alguns operários (e alguns socialistas) começam a pensar que a classe operária pode limitar-se às greves e às caixas ou sociedades de resistência[1], que apenas com as greves a classe operária pode conseguir uma grande melhora em sua situação e até sua própria emancipação. Vendo a força que representam a união dos operários e até mesmo suas pequenas greves, pensam alguns que basta aos operários deflagrarem a greve geral em todo o pais para poder conseguir dos capitalistas e do governo tudo o que queiram. Esta opinião também foi expressada pelos operários de outros países quando o movimento operário estava em sua etapa inicial e os operários ainda tinham muito pouca experiência.
Esta opinião, porém, é errada. As greves são um dos meios de luta da classe operária por sua emancipação, mas não o único, e se os operários não prestam atenção a outros meios de luta, atrasam o desenvolvimento e os êxitos da classe operária. Com efeito, para que as greves tenham êxito são necessárias as caixas de resistência, a fim de manter os operários enquanto dure o conflito. Os operários (comumente os de cada indústria, cada ofício ou cada oficina) organizam essas caixas em todos os países, mas na Rússia isso é extremamente difícil, porque a polícia as persegue, apodera-se do dinheiro e prende os operários. Naturalmente, os operários sabem resguardar-se da policia; naturalmente, a organização dessas caixas é útil, e não queremos dissuadir os operários de se ocuparem disso. Mas não se deve confiar em que, estando proibidas por lei, as caixas operárias possam contar com muitos membros; e sendo escasso o numero de cotizantes, essas caixas não terão grande utilidade. Alem disso, até nos países em que existem livremente as associações operárias, e onde são muito fortes as caixas, até neles a classe operária de modo algum pode limitar-se as greves em sua luta. Basta que sobrevenham dificuldades na indústria (uma crise como a que agora se aproxima da Rússia, por exemplo) para que os patrões temporariamente provoquem greves, porque às vezes lhes convém suspender temporariamente o trabalho e lhes é útil que as caixas operárias esgotem seus fundos. Daí não poderem os operários limitar-se, de modo algum, às greves e às sociedades de resistência.
Em segundo lugar, as greves só são vitoriosas quando os operários já possuem bastante consciência, quando sabem escolher o momento para desencadeá-las, quando sabem apresentar reivindicações, quando mantêm contato com os socialistas para receber volantes e folhetos. Mas operários assim ainda há muito poucos na Rússia, e é necessário fazer todos os esforços para aumentar seu numero, tornar conhecida nas massas operárias a causa operária, fazê-las conhecer o socialismo e a luta operária. Esta é a missão que devem cumprir os socialistas e os operários conscientes, formando, para isso, o partido operário socialista.
Em terceiro lugar, as greves mostram aos operários, como vimos, que o governo é seu inimigo e que é preciso lutar contra ele. Com efeito, as greves ensinaram gradualmente à classe operária, em todos os países, a lutar contra os governos pelos direitos dos operários e pelos direitos de todo o povo. Como já dissemos, essa luta só pode ser levada a cabo pelo partido operário socialista, através da difusão entre os operários das justas idéias sobre o governo e sobre a causa operária. Noutra ocasião nos referiremos em particular a como se realizam na Rússia as greves e a como devem utilizá-la os operários conscientes. Por enquanto devemos assinalar que as greves são, como já afirmamos linhas atrás, urna "escola de guerra”, mas não a própria guerra; as greves são apenas um dos meios de luta, uma das formas do movimento operário.
Das greves isoladas. os operários podem e devem passar, e passam realmente, em todos os países, à luta de toda a classe operária pela emancipação de todos os trabalhadores. Quando todos os operários conscientes se tornam socialistas, isto é, quando tendem para esta emancipação, quando se unem em todo o país para propagar entre os operários o socialismo e ensinar-lhes todos os meios de luta contra seus inimigos, quando formam o partido operário socialista, que luta para libertar todo o povo da opressão do governo e para emancipar todos os trabalhadores do jugo do capital, só então a classe operária se incorpora plenamente ao grande movimento dos operários de todos os países, que agrupa todos os operários, e hasteia a bandeira vermelha em que estão inscritas estas palavras:
"Proletários de todos os países, uni-vos!"

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Notas:
[1] As “caixas de resistência” correspondem ao fundo de greve. (retornar ao texto)

Plenária Geral do Movimento

Hoje dia 11 de novembro de 2007, o Movimento passou o dia em plenária no CSU da Borges de Melo para discutir a organicidade do movimento e as Frentes de Serviços, neste dois debates contamos com presença de mais de 40 pessoas e mais de 12 bairros da cidade. Tiramos na reunião de hoje entre outras coisas a leitura do nosso Programa Politico nos bairros e nas regionais.

" Mais um passo a frente, nem um passo atrás a luta por trabalho é o povo quem faz"

A Revolução Russa

REVOLUÇÃO RUSSA: UM MARCO NA HISTORIA DA HUMANIDADE.
A revolução Russa foi certamente o mais importante episódio da historia do século XX e ao mesmo tempo, o mais controverso e polemico nas suas interpretações. E não poderia ser diferente. Pela primeira vez na historia da humanidade, os oprimidos, trabalhadores, os explorados, destronaram as classes dominantes, abastadas, opressoras, e tomaram o poder político com as armas na mão.

Daí, não havia meio termo para sua avaliação. Ou defendia-se os rebelados debaixo, ou assumia-se os interesses dos poderosos destronados.

Muitos livros magníficos foram escritos descrevendo os detalhes e a natureza da que foi a primeira revolução popular vitoriosa da historia da humanidade. Recomendo que os mais jovens militantes busquem os clássicos sobre a historia da revolução russa, escritos por Isaac Deutscher, Leon Trotsky e por John Reed.

Mas o espírito desses artigos, nessa interessante iniciativa formativa é recolhermos algumas reflexões específicas que podem nos ajudar a compreender a importância da revolução russa para a luta de classes e para a militância social, nos dias de hoje.

E nesse sentido, queria comentar apenas dois aspectos, que em geral a esquerda brasileira não toma em conta. Tendo em mente que, certamente outros articulistas irão abordar temas mais candentes e reflexivos.

Primeiro, o momento histórico em que foi conseguido realizar a revolução social. A classe trabalhadora da Europa, vinha de várias derrotas políticas, desde a primeira experiência da comuna de Paris, e depois da revolução fracassada na Alemanha e de outros intentos de revoltas em outros países. Mesmo na Rússia, o ascenso de massas que resultou na revolta de 1905, havia sido derrotado. Lênin havia escrito em fevereiro de 1917, que provavelmente a sua geração não veria outro ascenso revolucionário. E no entanto, a história social o denunciou. Fruto das contradições da sociedade russa e da agudização da exploração em função da primeira guerra mundial, o ambiente de desemprego, fome e falta de terra, levaram a que as massas russas criassem um potente movimento de massas aglutinado sob as bandeiras da necessidade de pão, terra e paz. E com isso se construiu uma imbatível aliança entre os oprimidos, representada pelos camponeses, soldados que se negavam a ir a guerra e os operários industriais.

E num processo muito rápido, entre fevereiro e outubro, se criaram as condições objetivas para a derrota da classe dominante.

O segundo aspecto, é que embora num ambiente de crise política, adverso para a classe trabalhadora desde 1905, formou-se uma corrente de militantes revolucionários em toda Rússia , que atuavam de forma clandestina, alimentados pelo ideal da possibilidade do socialismo, como forma de superação da exploração capitalista. Havia muitas correntes com diferenças ideológicas pontuais. E entre elas, a mais importante, que acabou dirigindo o partido, foram os bolcheviques. Não eram os únicos revolucionários. Nem os mais importantes. Mas eles tiveram a perspicácia de desenvolver métodos de trabalho político clandestino e de organização das massas, que os levaram a depois a serem hegemonia política e ideológica no partido. Em geral, os manuais da esquerda apenas referenciam a genialidade de Lênin, como se a revolução fosse obra da esperteza política e de discursos inflamados. Lênin, por sinal era pouco conhecido entre as massas e os militantes. Seus principais escritos circularam com pseudônimos. O que garantiu de fato a vitória da primeira revolução popular, no campo das condições subjetivas, foi a combinação de um lado, da convicção das ideais socialistas, e por outro, o método de trabalho militante clandestino. Os bolcheviques não eram mais do que 12 mil militantes, em todo pais. Mas no auge do ascenso de massas, distribuíam mais de dois milhões de exemplares de seu jornal, de forma clandestina, nas fabricas, colégios, escolas, campos e construções. Atuavam organizados em células, de 8 a 12 pessoas. Mas essas células estavam organizadas no interior da classe trabalhadora, seja nos espaços das fábricas, nas comunidades aonde moravam os camponeses, nos quartéis, nas escolas e nos espaços intelectuais. Seu objetivo principal não era apenas fazer luta ideológica ou se transformar num grupelho iluminado. Sua tarefa era organizar o povo. Organizar as ações de massa. Conviver no meio do povo, sentir suas necessidades e organizar a luta social para resolver seus problemas. Eram os verdadeiros “fermentos” no meio da massa, para organiza-la, agita-la, e dirigi-la para a luta. E o caráter conspirativo e clandestino que as condições exigiam, talvez tenham contribuído para um espírito de humildade maior, do que se vê nos dias atuais. Muitos de nossos militantes, muitas vezes se propõem a organizar o povo, já tendo como desvio pequeno-burgues de querer liderá-los. Os lideres não se candidatam. O povo escolhe a partir da confiança construída no dia a dia da luta.

Agiam com profissionalismo na divisão de tarefas. Tinham um profundo espírito de sacrifício, que implicava realizar suas tarefas militantes na clandestinidade, nos horários de folga do duro trabalho. Muitas vezes em condições insalubres do rigoroso inverno russo. Atuavam com um amor a causa, impressionante.
Dedicavam-se ao estudo. É impressionante até o hoje, o nível dos artigos dos jornais da época e do debate que se travava nos núcleos. Essa natureza da militância revolucionária, é que Lênin mais tarde classificou de “profissionais da revolução”. E que infelizmente algumas correntes contemporâneas interpretam apenas como “liberar os militantes para o trabalho político”. O aspecto profissional, era no sentido de que cada militante fazia sua tarefa com esmero e perfeccionismo. E por outro lado, transformavam a ação em prol da revolução como uma missão, como uma profissão de fé.
Então, acredito que há um enorme legado dos militantes russos, que nos deixaram de lições e aprendizados de sua experiência concreta, para as gerações atuais e futuras. Deles devemos recolher, o espírito de sacrifício, a dedicação, o espírito conspirativo, o amor ao estudo, e a organização celular, levada a todos os espaços aonde o povo vive. Mais do que palavras de agitação e referencia aos líderes, é hora de aprendermos com a militância que de fato fez a primeira revolução popular da historia da humanidade.

João pedro stedile, 21 outubro de 2007

40 anos da Morte do Che. .

Estimado amigo e amiga do MST,

Hoje completam 40 anos da morte do revolucionário Ernesto Che Guevara. Em vários países do mundo, e especialmente da América Latina, militantes de esquerda e movimentos sociais realizam homenagens ao homem que se transformou num dos maiores símbolos da luta pela liberdade dos povos latino-americanos, caribenhos e africanos.

Era certo que a burguesia e o imperialismo também não deixariam essa data passar despercebida. Para estas forças conservadoras, o frio assassinato que promoveram em La Higuera (Bolívia), em 1967, não foi suficiente para aplacar o ódio de classe que sentiam ao líder revolucionário. Além de assassinar o corpo, é necessário também assassinar a história. Coube à revista Veja, do Grupo Abril, ser mais uma vez, porta-voz das forças reacionárias e de praticar um jornalismo sem nenhum compromisso com os fatos.

Para nós, trabalhadores e trabalhadoras, o mês de outubro é um período de resgatar a história, os ensinamentos e o exemplo de Ernesto Che Guevara. Por que recordar o Che? Porque ele dedicou sua vida para a causa do povo. Deixou-nos um legado de solidariedade incondicional com todos os oprimidos e de compromisso com as lutas pela libertação dos povos.

Fidel, ao referir-se a Che, disse: “nos deixou seu pensamento revolucionário, nos deixou suas virtudes revolucionárias, nos deixou seu caráter, sua vontade, sua tenacidade, seu espírito de trabalho. O homem que deve ser modelo para nosso povo”. Decididamente, a contribuição de Che, por suas idéias e exemplo, não se resumem a teses de estratégias militares ou de tomada de poder político. Nem devemos vê-lo como um super-homem, dotado de poderes sobrenaturais e infalíveis. E, tampouco exorcizá-lo, reduzindo-o a um mito.

Olhando sua obra falada, escrita e vivida, podemos identificar em toda a trajetória um profundo humanismo. O ser humano era o centro de todas as suas preocupações. A admiração e o respeito devem ser direcionados a sua vida, sua capacidade dialética de sempre aprender, sua persistência em lutar contra qualquer forma de injustiça, sua capacidade dirigente e sua humildade. Ele mesmo nunca permitiu que o transformassem em um mito.

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Che é para nós um exemplo de superação dos próprios limites e de um profundo amor à humanidade.

“Permita-me dizer-lhes, com o risco de parecer ridículo, que o revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor [...] todos os dias é preciso lutar para que esse amor à humanidade viva se transforme em fatos concretos, em atos que sirvam de exemplo de mobilização” (Che Guevara).
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A indignação contra qualquer injustiça social e sua revolta às políticas imperialistas, implementadas em qualquer parte do mundo, era o que mais o motivava a lutar. Dizia ele “... cada vez que um país se desprende da árvore imperialista, ganha não só uma batalha parcial contra o inimigo fundamental, mas também contribui para o real enfraquecimento e dá um passo para a vitória definitiva”.

Sua persistência, não medindo esforços em quaisquer circunstâncias, mede-se por seu trabalho, suas lutas e, sobretudo, por seu exemplo prático. Mesmo como ministro de Estado, dirigente da Revolução Cubana, fazia trabalho solidário na construção de moradias populares, hospitais, escolas e no corte da cana. “No futuro, teremos todos que cumprir os nossos deveres revolucionários e que renunciar temporariamente a certos privilégios e direitos em benefício da coletividade”.

Defendia, com sua elaboração teórica e com sua prática, o princípio de que os problemas do povo somente se resolvem se todo o povo participar ativamente na busca e na implementação das soluções dos seus próprios problemas. Acreditava no poder e na necessidade do povo ser protagonista de sua própria história. Para ele, uma revolução social se caracteriza, fundamentalmente, pelo fato de o povo assumir seu próprio destino, participar de todas as decisões políticas da sociedade.

Sempre defendeu a integração completa dos dirigentes políticos com a população. Combatia, dessa forma, os populismos demagógicos. E assim mesclava a força das massas organizadas com o papel dos dirigentes, dos militantes, praticando aquilo que Gramsci já havia caracterizado como a função do intelectual orgânico coletivo.

Teve uma vida simples e despojada. Nunca se apegou a bens materiais. Denunciava o fetiche do consumismo, defendia com ardor a necessidade de elevar permanentemente o nível de conhecimento e de cultura de todo o povo. Por isso, Cuba foi o primeiro país a eliminar o analfabetismo e, na América Latina, a alcançar o maior índice de ensino superior.

O conhecimento e a cultura eram para ele os principais valores e bens a serem cultivados. “No dia em que deixamos de aprender, que acreditarmos saber tudo ou que tivermos perdido nossa capacidade de intercambio com os povos, será o dia em que teremos deixado de ser revolucionários”, afirmava ele. E, acrescentava: “a sociedade em seu conjunto deve se converter em uma gigantesca escola”.

Para nós, o conhecimento e a experiência deixados por Che Guevara são apreendidos todos os dias, em nossas atividades cotidianas, na nossa formação, no nosso empenho pela educação, no nosso enfrentamento com o imperialismo e com a burguesia brasileira, que abandonou a idéia de construir uma Nação em nosso país. Há mais de 500 anos, a elite do nosso país preocupa-se unicamente em reforçar uma política de sermos subalternos aos interesses do mercado internacional e de facilitar a exploração das nossas riquezas naturais e do nosso povo. Mais do que nunca, as idéias e os ideais de Ernesto Che Guevara estão presentes, junto à classe trabalhadora brasileira.

No mês de outubro, o resgate aos ensinamentos de Che se transforma em homenagens. Mas também, em ações práticas que se espalham por todo o país por meio da Jornada de Solidariedade e Trabalho Voluntário. Em sua memória vamos estudar, praticar ações solidárias e celebrá-lo em todas as áreas de Reforma Agrária, acampamentos e assentamentos.

Sabemos que é preciso seguir pela trilha dos seus passos, buscando cada dia ser melhor na prática militante, nos estudos e na convivência com os outros. Acreditar em Che, relembrar o Che hoje é, acima de tudo, cultivar esses valores da prática revolucionária que ele nos deixou como legado. A burguesia queria matar o Che. Levou seu corpo, mas imortalizou seu exemplo.

Che vive! Viva o Che!

Direção Nacional do MST


“Temos um caminho difícil a percorrer. A nossa força reside na unidade dos operários e camponeses, de todas as classes necessitadas, que devem marchar para o futuro”.
Ernesto Che Guevara


esse texto está no site do MST : www.mst.org.br

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Fotos dos Núcleos de Desempregados do Movimento






A FOTO 1 - MCP MONTESE, FOTO 2 - MCP COUTO FERNANDES, FOTO 3 e 4 - MCP ITAOCA
" MAIS UM PASSO A FRENTES, NEM UM PASSO ATRAS, A LUTA POR TRABALHO É O POVO QUEM FAZ"

domingo, 23 de setembro de 2007

Manifestação das Frentes






No ultimo dia 30/08/07 o MCP - MOVIMENTO DOS CONSELHOS POPULARES, fez um ato saindo da Igreja Nossa Senhora Aparecida, no Montese e indo até o Gabinete da Prefeita, na Av. Luciano Carneiro no Bairro do Vila União, para lutar pelas Frentes de Serviços e essas são algumas das fotos do dia.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

A Ètica Zapatista do México

A ÉTICA DO GUERREIRO.
(...)
Reiteramos: lá em cima não há nada que fazer, nem sequer piada.
Por isso estamos hoje aqui com vocês. Porque cremos, e para nós “crer” é um sinônimo de fazer, e “fazer” um sinônimo de “lutar”, e lutar um sinônimo de “sonhar”, que é possível construir outra forma de fazer política, e que seu pilar fundamental é a ética, outra ética.
Antes, trato de explicar que os zapatistas somos guerreiros e guerreiras. E isso não só quer dizer que nos assumimos como lutadores – às vezes na defensiva e às vezes na ofensiva. Também que temos uma ética que pouco ou nada tem a ver com o que se ensina ou se pretende ensinar em aulas, livros ou mesas redondas com explicações incluídas, mas sim com um compromisso.
Nossa posição tem merecido o desprezo e a crítica dos neo-apologistas do indefinível, ou seja, da prática de uma classe política que à lama e sangue que sujam suas mãos, soma agora o cinismo de apresentar sua claudicação como “maturidade”, “modernidade” e “realismo”.
E, que paradoxo, recordo agora que nos ofereceram comodidades para esta mesa quadrada (talvez por isso é despeitada) a nós, que desde que surgimos temos sido os incômodos constantes e sonoros para esse setor do pensamento.
José Martí disse uma vez que o homem verdadeiro não mira de que lado se vive melhor, mas de que lado está o dever.
E o dever, para nós zapatistas, é nossa ética, a ética do guerreiro.
Já antes falei de sua origem, das fontes em que bebemos para ser o que somos e seremos.
Agora, só quero recordar o seguinte:
A ética do guerreiro poderia se resumir nos seguintes pontos:
1. Estar sempre à disposição de aprender e assim fazer. Duas são as palavras fundamentais no andar do guerreiro: “não sei”. Enquanto as “cabeças grandes”, como dissera alguma vez o Comandante Tacho (do EZLN), opinam sobre tudo e pretendem tudo saber, o guerreiro se volta ao desconhecido com a mesma capacidade de admiração que se tem ante algo novo. Quando saímos ao caminho que definimos com a Sexta Declaração (Sexta Declaração da Selva Laconda, definiu pela realização da “Outra Campanha”), não distribuímos juízos e receitas. Escutamos e olhamos para aprender. Não para sobrepor ou dirigir, mas para respeitar. O respeito ao outro, à outra, é como nós dizemos “companheiro”, “companheira”.
2. Estar a serviço de uma causa concreta. Não se trata de lutar por fantasias, nem de enganar-se sobre o inimigo, a batalha, as derrotas, a vitória. Sabemos que há e haverá dores, algumas sem nenhum alívio possível, como a dor da morte de Aléxis Benhumea, nosso companheiro e estudante desta universidade, assassinado pelo governo há exato um ano. E há outros que requerem um paciente cultivo da raiva como é de saber a nossas companheiras e companheiros presos de Atenco: Nacho, Magdalena, Mariana, para mencionar apenas três delas e deles.
Mas sabemos também que essas dores que não cicatrizam têm rumo, destino, final. E que esta grande causa que nos motiva não inibe nem subordina às causas de todos os tamanhos, mas sim que precisamente nelas se materializa.
3. Respeitar aos antecessores. A memória é o alimento vital do guerreiro. A água de onde bebemos é nossa história. Não só como zapatistas, não só como indígenas, não só como mexicanos. Onde outros lêem e repetem derrotas, para assim justificar rendições, nós lemos ensinamentos. Onde outros vêem personagens, líderes e heróis, nós vemos povos inteiros cumprindo a função de professores à distância no tempo, geografia e modo. A história de abaixo não é senão uma imensa memória coletiva.
4. Existir para o bem da humanidade, ou seja, pela justiça. Observe: não disse “para tomar o poder”, nem “para chegar a um cargo público”, nem “para entrar na história”, nem “para desde acima solucionar o de abaixo”. Digo, ao contrário, nomear e trazer para cá a essa outra grande ausente no caminho dos de baixo: a justiça. E não porque ela esteja em alguma banda, escondida, esperando que alguém que se creia iluminado a encontre e venha e nos presenteie, e nossos calendários se encham de monumentos, bustos, estátuas, senão porque é algo que se constrói como se constrói tudo o que nos faz seres humanos, ou seja, em coletivo.
5. Para esta batalha que sabemos difícil, e interminável agregaria eu, devemos dotarmo-nos de armas e ferramentas que nada têm a ver com o que agora se encontra nas páginas de qualquer jornal ou nos noticiários da tv. Armas e ferramentas que não são senão as ciências, as técnicas e as artes. E de todas elas, a da palavra.
Por algumas circunstâncias das quais não falarei agora, os zapatistas tendemos a ver e olhar mundos para os quais não há, todavia, palavras nos dicionários.
Mas, assim como vemos as coisas distantes como se estivessem do outro lado da esquina, vemos as coisas aproximadas e imediatas com a tranqüilidade da distância e o tempo que criamos com nossa própria geografia e nosso próprio calendário.
O mais importante (e o mais esquecido) é que o guerreiro deve cultivar a capacidade de ver adiante, imaginar o todo composto e terminado, prever os altos e baixos do caminho, os contratempos e sua solução. Deve ser sábio na luta, isto é: em determinar quais são os pontos essenciais de uma situação, de onde devem aplicar-se quê esforços e quais combates devem ganhar-se ou perder-se.
O guerreiro deve pôr atenção e dedicação às coisas pequenas e às grandes, às superficiais e às profundas, e traçar assim uma espécie de mapa tridimensional de onde cada parte adquire um sentido preciso segundo lhe dita o todo, e o todo só adquire razão e legitimidade em cada uma de suas partes.
Assim, o guerreiro deve buscar o ritmo, ou seja, a harmonia entre todas as partes. E não a velocidade que termina por deixar o importante para atender o urgente.
Em nossa ética, então, se trata de não pensar indignamente, para não atuar desonestamente. Aprender sempre, sempre preparar-se, conhecer todos os caminhos possíveis, seus passos, suas velocidades, seus ritmos. Não para por todos andar, senão para saber de todos, com todos caminhar e chegar com todos.
Não é ao hoje, ao imediato, ao efêmero, que vemos. Nosso olhar chega mais longe. Até acolá, de onde se vêem a um homem ou a uma mulher qualquer, despertar-se com a nova e terna angústia de saber que devem decidir sobre seu destino, que caminham pelo dia com a incerteza que vem da responsabilidade de encher de conteúdo a palavra “liberdade”.
Até acolá miramos, até o tempo e o lugar onde alguém presenteia algo a alguém. E é tão longe que não se consegue distinguir se é uma flor vermelha ou uma estrela ou um sol o que de uma a outra mão se estende.
Nossa ética tem esse destino.
Não só por isso, mas também por isso, é que sabemos que vamos vencer...
Muito obrigado.
Desde o auditório Che Guevara, na outra Cidade Universitária UNAM (Universidade Nacional Autônoma do México).
Subcomandante Insurgente Marcos.
México, junho de 2007.

Formação do MCP Regional IV

Compareça para a reunião de Formação do MCP Regional IV.
no dia 04/08/07 ás 16:30hs no Colégio Vicente Fialho, por trás do IMPARH, contaremos com a presença da Prof. Adelaide (Professora de História da UFC) com o tema: A História das Lutas em Fortaleza

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Sessão de Cinema-MCP

Dia 05/08 às 15h na Rua Alan Kardec, 998, Montese(Vizinho a Shopping
Pizza) será passado o filme Os Sonhadores.Em Seguida haverá um
debate.Todos estão convidados!


Comentário

O filme é ambientado durante a rebelião estudantil de maio de 1968, em
Pari, e retrata o caso de tr~es estudantes cinéfilos que entram num
jogo erótico.O filme revela a consonância de um cineata(Bertolucci) e
seus personagens que ficam alheios a um turbilhão de acontecimentos que
se passa em sua volta.Assim, somente o ruído dos manifestantes nas ruas
pode fazer o trio ensimesmado se misturar aos revoltosos.

domingo, 15 de julho de 2007

Piquenique no Mangue do Rio Coaçu

MCP-PARQUE ÁGUA FRIA
PIQUENIQUE
DIA 26/07 QUINTA-FEIRA
AS 8h as 12h

DO OUTRO LADO DO ZÉ DO MANGUE
Brincadeiras, banho e limpeza do mangue...
Rio e mangue público e de tod@s,
Salvemos a Bacia, a falna, a flora e o povo do Cocó...
MCP-PARQUE ÁGUA FRIA
Somos o povo do mangue do Rio Coaçu, maior afluente do Cocó...

domingo, 8 de julho de 2007

CARTA DO 5º CONGRESSO NACIONAL DO MST

Nós, 17.500 trabalhadoras e trabalhadores rurais Sem Terra de 24 estados do Brasil, 181 convidados internacionais representando 21 organizações camponesas de 31 países e amigos e amigas de diversos movimentos e entidades, reunidos em Brasília entre os dias 11 e 15 de junho de 2007, no 5º Congresso Nacional do MST, para discutirmos e analisarmos os problemas de nossa sociedade e buscarmos apontar alternativas.

Nos comprometemos a seguir ajudando na organização do povo, para que lute por seus direitos e contra a desigualdade e as injustiças sociais. Por isso, assumimos os seguintes compromissos:

Articular com todos os setores sociais e suas formas de organização para construir um projeto popular que enfrente o neoliberalismo, o imperialismo e as causas estruturais dos problemas que afetam o povo brasileiro.

Defender os nossos direitos contra qualquer política que tente retirar direitos já conquistados.

Lutar contra as privatizações do patrimônio público, a transposição do Rio São Francisco e pela reestatização das empresas públicas que foram privatizadas.

Lutar para que todos os latifúndios sejam desapropriados e prioritariamente as propriedades do capital estrangeiro e dos bancos.

Lutar contra as derrubadas e queimadas de florestas nativas para expansão do latifúndio. Exigir dos governos ações contundentes para coibir essas práticas criminosas ao meio ambiente. Combater o uso dos agrotóxicos e a monocultura em larga escala da soja, cana-de-açúcar, eucalipto, etc.

Combater as empresas transnacionais que querem controlar as sementes, a produção e o comércio agrícola brasileiro, como a Monsanto, Syngenta, Cargill, Bunge, ADM, Nestlé, Basf, Bayer, Aracruz, Stora Enso, entre outras. Impedir que continuem explorando nossa natureza, nossa força de trabalho e nosso país.

Exigir o fim imediato do trabalho escravo, a super-exploraçã o do trabalho e a punição dos seus responsáveis. Todos os latifúndios que utilizam qualquer forma de trabalho escravo devem ser expropriados, sem nenhuma indenização, como prevê o Projeto de Emenda Constitucional já aprovado em primeiro turno na Câmara dos Deputados.

Lutar contra toda forma de violência no campo, bem como a criminalização dos Movimentos Sociais. Exigir punição dos assassinos – mandantes e executores - dos lutadores e lutadoras pela Reforma Agrária, que permanecem impunes e com processos parados no Poder Judiciário.

Lutar por um limite máximo do tamanho da propriedade da terra. Pela demarcação de todas as terras indígenas e dos remanescentes quilombolas. A terra é um bem da natureza e deve estar condicionada aos interesses do povo.

Lutar para que a produção dos agrocombustíveis esteja sob o controle dos camponeses e trabalhadores rurais, como parte da policultura, com preservação do meio ambiente e buscando a soberania energética de cada região.

Defender as sementes nativas e crioulas. Lutar contra as sementes transgênicas. Difundir as práticas de agroecologia e técnicas agrícolas em equilíbrio com o meio ambiente. Os assentamentos e comunidades rurais devem produzir prioritariamente alimentos sem agrotóxicos para o mercado interno.

Defender todas as nascentes, fontes e reservatórios de água doce. A água é um bem da Natureza e pertence à humanidade. Não pode ser propriedade privada de nenhuma empresa.

Preservar as matas e promover o plantio de árvores nativas e frutíferas em todas as áreas dos assentamentos e comunidades rurais, contribuindo para preservação ambiental e na luta contra o aquecimento global.

Lutar para que a classe trabalhadora tenha acesso ao ensino fundamental, escola de nível médio e a universidade pública, gratuita e de qualidade.

Desenvolver diferentes formas de campanhas e programas para eliminar o analfabetismo no meio rural e na cidade, com uma orientação pedagógica transformadora.

Lutar para que cada assentamento ou comunidade do interior tenha seus próprios meios de comunicação popular, como por exemplo, rádios comunitárias e livres. Lutar pela democratização de todos os meios de comunicação da sociedade contribuindo para a formação da consciência política e a valorização da cultura do povo.

Fortalecer a articulação dos movimentos sociais do campo na Via Campesina Brasil, em todos os Estados e regiões. Construir, com todos os Movimentos Sociais a Assembléia Popular nos municípios, regiões e estados.

Contribuir na construção de todos os mecanismos possíveis de integração popular Latino-Americana, através da ALBA - Alternativa Bolivariana dos Povos das Américas. Exercer a solidariedade internacional com os Povos que sofrem as agressões do império, especialmente agora, com o povo de CUBA, HAITI, IRAQUE e PALESTINA.


Conclamamos o povo brasileiro para que se organize e lute por uma sociedade justa e igualitária, que somente será possível com a mobilização de todo o povo. As grandes transformações são sempre obra do povo organizado. E, nós do MST, nos comprometemos a jamais esmorecer e lutar sempre.


REFORMA AGRÁRIA: Por Justiça Social e Soberania Popular!

Brasília, 15 de junho de 2007

sábado, 7 de julho de 2007

Informes da Conferência Municipal das Cidades

Ulltimos informes sobre a Confência Municipal das Cidades, que acontecerá nos próximos dias 21 e 22 de julho de 2007, na Faculdade Cearense (mesmo local do Plano Diretor). Dá Conferência só participaram delegados tirados das Pré-Conferências dos segmentos (Gestão Pública, Movimento Sociais, Sindicatos, ONG`s e Entidades Profissionais e Universitárias) . Todas as Pré-Conferências devem acontecer até o dia 14/07. A do Poder Público acontecerá no dia 13/07 no Complexo de Cidadania da Boa Vista, mesmo local que acontecerá a Pré dos Movimentos Sociais que aconteceram no dia 14/07 das 08:00 às 12:00, para essa atividade a Prefeitura está disposta a liberar onibus para os movimentos socias. IMPORTANTE : DA PRÉ-CONFERÊNCIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS SERÃO ELEITOS PARA A CONFERÊNCIA 188 DELEGADOS DOS MOVIMENTOS SOCIAS. Gostaria de pedir desculpas a todos sei que precisamos discutir o Conferência Municipal no Comitê Executivo, mas na próxima reunião do Comitê Executivo precisarei ir para a reunião do Conselho do OP, pois neste dia vai ser discutido a Assistência Social e é importante para o Núcleo da Maravilha essa discussão por causa do CSU, dá situação do Prédio e da relação do mesmo com o OP.
Na reunião do Comitê Executivo é importante encaminhar a história dos onibus, e deixar alguem para encaminhar na terça-feira o dia 10/07/07 oficio a SEPLA e a Comissão Fortaleza Bela se precisaremos de onibus ou não. O melhor contato na Comissão Fortaleza Bela é o Hélio (está na coordenação da Conferência).
Qualquer dúvida podem me mandar e-mail erciliamaia@yahoo.com.br

Saudações Socialistas
Ercilia Mendonça
Militante MCP

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Fotos do Movimento


Foto do Ato por Moradia do MCP REG IV

Atenção

Olá Pessoal mando um recado para lembrar a todos os companheiros que estão nas discussões dos Núcleos de Desempregados que terá reunião geral de todos os núcleos no próximo domingo dia 08/07/07 a partir das 08:30hs no CSU DA BORGES DE MELO. Importante companheiros(as) lá iremos fazer o sorteio da Cesta Basica então nãp esqueçam de levar os alimentos para fazermos a Cesta. Tem ainda outra noticia: no Sábado dia 07/07/07 a partir das 17hs o MCP REG IV prá fazer um debate sobre a Violencia na Comunidade no Colegio Vicente Fialho que fica por trás do IMPARH.

Por um turismo sem Pirata em Itapipoca

Jornal O PovoEcologia Que natureza de turismo queremos para o Ceará?
Edgard Patrício
POR AQUI

Neste domingo, dia 1º de julho, será realizado o Dia de Turismo Justo e Solidário no Assentamento Maceió, em Itapipoca. O evento se constitui numa oportunidade para mostrar novas perspectivas de turismo, integrado à identidade cultural dos povos do mar, à preservação ambiental e aos aspectos fundamentais para a sustentabilidade da zona costeira cearense. A iniciativa é das comunidades do Assentamento Maceió e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em apoio às 200 famílias que estão acampadas na praia do Assentamento, desde o dia 22 de fevereiro, lutando para recuperar o direito à praia, à terra e ao mar, ameaçado por um empreendimento turístico empresarial de grande porte. Por lá A programação do Dia tem rodas de conversa, cirandas, degustação da culinária nativa, mostra de arte e artesanato. A comunidade diponibiliza pacotes para visitantes que desejarem participar, com alimentação completa por R$ 15,00 e o ônibus, saindo de Fortaleza, por R$ 22,00 (ida e volta). O Assentamento Maceió, fruto da luta pela terra que se deu na década de 1980, está localizado na planície litorânea oeste do Ceará, distrito de Marinheiros, em Itapipoca, a cerca de 60 quilômetros da sede do município. A população é estimada em 800 famílias, distribuídas em 10 comunidades. (85) 3257-5630 ou diadelazer@yahoo. com.br -- Aline BaimaJornalista MTB 1702 JP-CEFone: (85)88585903


veja as fotos e os videos do dia da Atividade Álbum de Fotos: http://fotos.terra.com.br/album.cgi/*13267091º Vídeo: (Apresentação Mística)http://www.youtube.com/watch?v=WHJq59SbMic 2º Vídeo: (Apresentação Grupo de Teatro) http://www.youtube.com/watch?v=h819lF_XyYg 3º Vídeo: (Apresentação Grupo de Teatro)http://www.youtube.com/watch?v=gKx1yXPd0jA 4º Vídeo: (Apresentação Grupo Indígena)http://www.youtube.com/watch?v=clK72mUuorY 5º Vídeo: (Apresentação Grupo Indígena)http://www.youtube.com/watch?v=NbS6lYKB8qw 6º Vídeo: (Apresentação João Paulo Gomes)http://www.youtube.com/watch?v=xnKo5Wz6Ggg 6º Vídeo: (Apresentação Dança do Coco)http://www.youtube.com/watch?v=T9ad1XEk5MM 7º Vídeo: (Apresentação Quadrilha Improvisada)http://www.youtube.com/watch?v=qY_73Ck8Ov0

ATO DE MORADIA DA REG IV

Luta por Moradia No dia 05/02/07 aconteceu a primeira manifestação de muitas que a galera do MCP da REG IV, irá fazer para conseguir moradias digna para os bairros: Montese, Couto Fernandes e Democrito Rocha e aproveitamos para agradecer a todos os companheiros e companheiras de outras Regionais que nos ajudavam na luta. Aproveitamos para avisar a todos que segundo negociação com o Sr. Arnobio e o Sr. Chico da Habitafor haverá reunião no próximo dia 13/02/07 a partir das 15:00hs na sede da Habitafor para discussão sobre a problématica da moradia na REG IV. A NOSSA LUTA É MORADIA, VAMOS A RUA TODO DIA.
no Flog da Galera dos Amigos do Bairro do Democrito Rocha te, as fotos na nossa manifestação http://vibeflog.com/amigosdobairro12