terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Texto lido no Lançamento do Projeto das Frentes.

Na última quinta-feira, dia 06 de dezembro de 2007, às 09:30hs no Autório Central da EUCE - Itaperi, onde contamos com a presença dos 22 núcleos de desempregados do MCP - Movimento dos Conselhos Populares, tendo mais de 500 companheiros que está ali para o Lançamento do Projeto das Frentes de Serviços. Contamos com a presença de Ronivaldo Maia (Presidente EMLURB), Olinda Marques ( Presidente HABITAFOR), José de Freitas Uchoa (Secretario da SDE) e um representante da Sepla. A companheira Mônica Lima, militante do MCP Montese, leu o texto: Texto de Lançamento das Frentes de Trabalho Estamos aqui hoje para celebrarmos um momento histórico na luta do povo de Fortaleza contra o desemprego. Atualmente em todo o mundo mais de um bilhão de pessoas estão desempregadas e quase metade da população mundial vive da informalidade. Sabemos que esta situação não é acidental; o desemprego faz parte da lógica do sistema capitalista que produz riquezas a partir da exploração de uns contra outros; um sistema que está voltado para o lucro de poucos em detrimento da miséria de milhões. O Movimento dos Conselhos Populares afirma que precisamos construir uma sociedade onde o povo trabalhador possua de fato o poder, o poder de decidir sobre seu próprio destino. A isso chamamos de Poder Popular.
Porém, essa nova sociedade não se constrói da noite para o dia. Sabemos que o caminho é longo e tortuoso. Mas como diz o ditado “para se percorrer uma estrada de 1000 km devemos antes de tudo dar o primeiro passo”. E é justamente este primeiro passo que estamos dando hoje. Um passo pequeno, é certo, diante de tantos desafios, mas um passo dado junto com centenas de lutadores e lutadoras do povo, hoje aqui presentes, e que não perderam a capacidade de sonhar.
A luta contra o desemprego faz parte desta caminhada. Não podemos tratar a exclusão de milhões de pessoas do direito ao trabalho como algo natural; também não devemos tentar resolver este problema de forma individual. A força do povo está em sua união; está em sua capacidade e disposição para a luta e principalmente em sua capacidade criativa de construir o novo. É por isso, que desde o início da luta pelas Frentes de Trabalho, dezenas de Núcleos de Trabalhadores Desempregados foram formados em diversos bairros da cidade. Em todos eles, os participantes tem a oportunidade de expressar suas opiniões, propor ações e alternativas, se preparar coletivamente para as jornadas de luta, conhecer melhor o seu bairro e a sua cidade, resgatar sua auto estima e sua esperança em um amanhã diferente. Aqui, nos Núcleos de Trabalhadores Desempregados não há hierarquia, não há chefe, não há cargos. Todos tem o mesmo poder de decisão e a opinião de todos é igualmente levada em consideração e respeitada, independente de credo religioso, orientação sexual, idade, etc. As decisão são tomadas de forma horizontal e transparente, tendo como principio a autonomia e a independência em relação às diversas formas de poder existente em nossa sociedade.
As Frentes de Trabalho partem justamente destes princípios que tem como objetivo contribuir para a auto organização do povo trabalhador. Desta forma, as atividades propostas tem como horizonte a reconstrução do sentimento de comunidade, de coletivo e de solidariedade entre os que participam direta ou indiretamente do processo. Um dos princípios mais centrais construídos durante esta longa caminhada põe a luta coletiva como caminho para a vitória; somente em luta permanente e organizada é que o povo trabalhador irá superar seus problemas e construir a sociedade futura. Por isso, o critério básico para se participar das Frentes de Trabalho é estar na luta junto com os demais. Quem não luta não conquista.
Quando reivindicamos Frentes de Trabalho Urbanas contra a situação gritante de desemprego por que passamos, temos a preocupação de não repetirmos as experiências equivocadas do passado; principalmente as experiências de frentes de trabalho que eram executadas no interior do estado durante períodos de seca, onde os trabalhadores exerciam trabalhos improdutivos, insalubres e que em nada contribuíam para o resgate de sua auto-estima, tendo como resultado ao fim das atividades, a sua volta à situação de desempregados. Nossa proposta se apresenta no intuito de superar estes equívocos, tendo como centro de nossas ações atividades e experiências de trabalho que proporcionem ao povo trabalhador a possibilidade exercerem atividades coletivas de geração de trabalho e renda mesmo após o fim do projeto inicial.
Assim, propõe-se que os mesmos se organizem em Grupos de Produção, onde coletivamente poderão exercer trabalhos produtivos evitando que voltem a situação de desemprego. Além disso, defendemos que se priorize a capacitação profissional, para aperfeiçoamento das técnicas de trabalho. Além de um processo contínuo de formação Político Cidadã, onde os trabalhadores poderão ter a oportunidade de aprofundarem seus conhecimentos acerca de seus direitos e as diversas formas de luta que poderão travar na conquista de suas reivindicações.
Desta forma, o projeto prevê que inicialmente sejam postas em prática os cursos de Sensibilização ao Trabalho Coletivo. Logo em seguida, os Núcleos de Trabalhadores Desempregados devem se organizar em turmas para fazerem parte da etapa de Capacitação Profissional. Por fim, entraremos na etapa da construção dos Grupos de Produção ou Grupos de Trabalho Coletivos, onde finalmente poderemos iniciar o trabalho nas comunidades, combinando o tempo semanal com os trabalhos comunitários.
Como dizia no início, estamos apenas dando os primeiros passos; muitas águas ainda vão rolar. Precisamos travar um diálogo com os Governos Estaduais e Federais para podermos garantir o financiamento dos Grupos de Produção. O ano que se aproxima nos apresenta a possibilidade de darmos mais um passo a frente em nossa luta contra o desemprego. Muitos serão os desafios e as dificuldades, mas com certeza não estaremos sós. Contaremos com o apoio dos companheiros do campo como o MST- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e do MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens, movimentos que sempre estiveram conosco nesta nossa caminhada. Em nível nacional, contamos com o apoio do Movimento dos Trabalhadores Desempregados, o MTD, que atua na pressão ao governo federal para o financiamento de frentes de trabalho em vários estados do Brasil. Todos somos parte da construção de um mesmo sonho, estejamos aqui em Fortaleza, no interior do estado, em outros estados, ou mesmo em outros países. Somos todos parte da classe trabalhadora, do campo e da cidade, nossos inimigos são os mesmos e somente a nossa união poderá nos levar à vitória.
Enfim, estamos todos de parabéns. Todos aqueles homens, mulheres, jovens, crianças, pessoas idosas que de uma forma ou de outra contribuíram para que este momento fosse possível. Todos nós demos a nossa parcela de contribuição para que pudéssemos chegar até aqui. Indo para as reuniões, chamando as pessoas de casa em casa. Participando das mobilizações e caminhadas. Sendo solidários uns com os outros, estendendo uma mão amiga àqueles se cansavam na caminhada e pensavam em desistir. Tivemos muitos momentos de dificuldade, mas também muitos momentos de alegria e satisfação. Conhecemos mais a nós mesmos. Vivenciamos novas experiências. E acima da tudo consolidamos nossa união. E apesar de tudo nossa esperança na vitória continua de pé. Daqui em diante não recuaremos mais. E continuaremos a repetir nossa palavra de ordem:

MAIS UM PASSO À FRENTE, NEM UM PASSO ATRÁS, A LUTA POR TRABALHO É O POVO QUEM FAZ.

Fortaleza, 06 de Dezembro 2007.

Texto lido no Lançamento do Projeto das Frentes.

Texto lido no Lançamento do Projeto das Frentes.